11/02/2021
O CEO da Riot Games, Nicolo Laurent, está sendo investigado por assediar sexualmente sua ex-assistente, Sharon O’Donnell. Convidá-la para “ejacular” em sua casa quando a esposa estiver fora é apenas uma das denúncias. O processo foi comunicado pelo portal VICE na última terça, 9.
O processo entrou em ação mês passado na Suprema Corte de Los Angeles, Califórnia, onde está sediado o principal escritório da Riot Games. As informações a seguir vêm de uma cópia do processo obtida pelo portal VICE.
A defesa declarou que os assédios com base “em seu sexo ou gênero” iniciaram pouco após a admissão da demandante na empresa e continuaram até o fim de sua contratação.
Laurent teria comentado sobre a aparência física de O’Donnell, mandado ela ser mais feminina e dito para funcionárias que tivessem filhos para assim lidar melhor com o estresse da pandemia.
O diretor executivo da Riot Games também teria dito a O’Donnell que “seu tamanho era GG”, mas gostava de peças mais “justas”, referindo-se às suas roupas íntimas; a abraçado e chamado para viajar com ele; e perguntado se ela “o aguentaria quando estivessem sozinhos” na casa dele. A defesa também alegou que Laurent fez um trocadilho com as palavras “come” (vir) e “cum” (ejacular) ao dizer que O’Donnell deveria “cum” à casa dele.
“Assim implicando que eles deveriam fazer sexo”, concluiu a defesa, afirmando que a demandante se recusou a “ir” à casa de Laurent. A denúncia alega, então, que Laurent puniu O’Donnell no trabalho após recusar suas investidas, e eventualmente a demitiu.
As punições alegadas pela defesa envolvem a negação de intervalos para refeições e falta de pagamento devido pelas suas horas trabalhadas, incluindo horas extras.
O’Donnell processa Laurent e a Riot Games por assédio, discriminação de gênero e retaliação, além de falha na prevenção de tais atitudes, ausência de pausas para descansos e refeições, e atrasos de salário e hora extra.
Ao portal VICE, a Riot Games declarou estar investigando as denúncias, mas que por enquanto Laurent continua a trabalhar normalmente. Um porta-voz da empresa afirmou que “um comitê especial de diretores está analisando a investigação”, que Laurent “se comprometeu a cooperar e apoiar completamente” e que a Riot está “determinada a se certificar de que todas as alegações sejam exploradas e resolvidas apropriadamente”.
Sobre a demandante, o porta-voz da Riot Games declarou que o fim da contratação se deu “há mais de sete meses” após “mais de uma dúzia de reclamações tanto de funcionários quanto de parceiros externos, e depois de várias discussões de coaching para tentar resolver essas preocupações […] Qualquer sugestão do contrário é simplesmente falsa”.
A defesa de O’Donnell ainda não comentou sobre o caso.
A cultura de assédio e discriminação de gênero na Riot Games foi denunciada em massa em agosto de 2018, quando uma reportagem especial do portal Kotaku reuniu dezenas de reclamações de funcionários e funcionárias.
O dossiê culminou na realização, em maio de 2019, de uma passeata em protesto contra o uso da arbitração forçada em tais denúncias. O evento foi nomeado #RiotWalkout, reuniu mais de 150 funcionários e nós o cobrimos na íntegra.
Também cobrimos as mudanças adotadas pela Riot Games durante todo o ano de 2019, revisando mês a mês as ações da empresa para apoiar suas funcionárias e aprimorar seu ambiente de trabalho.
O jornal Los Angeles Times divulgou, em dezembro de 2019, que a Riot Games foi intimada a pagar US$ 10 milhões para 1000 funcionárias em decorrência de um processo de discriminação de gênero.
O pagamento, entretanto, aparentemente não foi realizado, pois em janeiro desse ano (2021) a corte permitiu que a Riot Games lidasse com esse processo através de arbitração individual (isto é, quando um juiz particular avalia o caso). A denúncia de pagamento desigual por discriminação de gênero ainda pode ser julgada por tribunal normalmente se assim as funcionárias quiserem.
O advogado das demandantes, Genie Harrison, acredita que mover os casos de assédio e discriminação para a arbitração individual fará as coisas irem “de mal a pior na Riot”. Harrison também afirmou que sua firma “começará os processos de arbitração imediatamente e dará prosseguimento às denúncias de disparidade de pagamento”.
A Sakuras Esports acompanha os casos de machismo, assédio e discriminação de gênero contra a Riot Games desde 2019. Siga-nos nas redes sociais para receber as novidades sobre estas e outras lutas das mulheres nos games e esports.